Desempenho
De professor a "super-herói"
Forma de abordagem em sala de aula ajuda a afastar a violência do público infantojuvenil
FOTO: FOTOS SAMUEL AGUIAR
Convívio. Sala de aula também é espaço para o "acolhimento da dor do outro", conforme a professora Maria Laura Rosa
"Como
que se resolve um problema?", perguntou a professora Maria Laura de
Abreu Rosa, 50, para uma sala de 25 alunos do 1º ano do ensino
fundamental. A resposta saiu rápida e em coro: "Olhando nos olhos e
pedindo perdão". Foi assim que a turma solucionou um pequeno conflito
entre duas estudantes, que tinham se desentendido ao disputarem uma
boneca. É a partir de ensinamentos assim e da observação constante que
educadores têm ajudado cada vez mais crianças e adolescentes a lidarem
com as dificuldades e os perigos que rondam a juventude.
O número de desaparecimentos, por exemplo, mostra como esse público é vulnerável à violência. De 2006 a julho deste ano, 4.880 pessoas de zero a 17 anos desapareceram de seus familiares em Minas Gerais, uma média de dois casos por dia, de acordo com a Polícia Civil. O preconceito racial também fez 129 vítimas só neste ano. Isso sem falar da violência doméstica e da pedofilia - os dados não foram divulgados pela Secretaria de Estado de Defesa Social - além do bullying e da homofobia, que ainda não são registrados com tais nomeações pela corporação.
"É importante integrar educação e segurança pública para o bem da criança e do adolescente. Antes da evasão do lar e do envolvimento no crime, ocorre a evasão da escola", afirmou a delegada Cristina Coelli, chefe da Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida (DRPD).
Para a educadora Maria Laura de Abreu Rosa, que dá aulas na Escola Municipal Professor Daniel Alvarenga, no bairro Jaqueline, na região Norte, é a partir do diálogo em grupo que a aprendizagem se faz e os problemas desaparecem. Entre uma lição e outra de alfabetização, matemática e artes, Maria Laura sempre reserva espaço para o que ela chama de "acolhimento da dor do outro". "É quando as crianças contam a vida delas", explicou.
Foi assim que a turma, composta de alunos com 6 e 7 anos, ficou sabendo da discussão entre as amigas Gabriela e Vitória. As duas estavam tristes e angustiadas e, após a reconciliação, logo abriram largos sorrisos. "A amizade não acaba com um problema", disse a docente à classe.
Drama. Mas nem todos os conflitos são motivados por pequenos desentendimentos. Na mesma escola, a equipe se deparou com o caso de Julia (nome fictício), 11, que vivia com o corpo cheio de hematomas. A diretora do colégio, Andréa Caroline Correia, conversou com a menina e descobriu que ela era espancada pelo pai.
Abandonada pela mãe quando bebê, a garota passava a manhã na escola e durante às tardes ficava sozinha em casa. Nesse período, fazia suas estripulias de criança e apanhava à noite. "Denunciar o agressor não iria adiantar, pois ele já tinha sido denunciado por vizinhos", disse a diretora. A solução, então, foi preencher o dia de Julia. "Conseguimos uma vaga de monitora na escola. Agora, ela passa as tardes ajudando na biblioteca. Nunca mais apareceu com hematomas", conta Andréa.
O número de desaparecimentos, por exemplo, mostra como esse público é vulnerável à violência. De 2006 a julho deste ano, 4.880 pessoas de zero a 17 anos desapareceram de seus familiares em Minas Gerais, uma média de dois casos por dia, de acordo com a Polícia Civil. O preconceito racial também fez 129 vítimas só neste ano. Isso sem falar da violência doméstica e da pedofilia - os dados não foram divulgados pela Secretaria de Estado de Defesa Social - além do bullying e da homofobia, que ainda não são registrados com tais nomeações pela corporação.
"É importante integrar educação e segurança pública para o bem da criança e do adolescente. Antes da evasão do lar e do envolvimento no crime, ocorre a evasão da escola", afirmou a delegada Cristina Coelli, chefe da Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida (DRPD).
Para a educadora Maria Laura de Abreu Rosa, que dá aulas na Escola Municipal Professor Daniel Alvarenga, no bairro Jaqueline, na região Norte, é a partir do diálogo em grupo que a aprendizagem se faz e os problemas desaparecem. Entre uma lição e outra de alfabetização, matemática e artes, Maria Laura sempre reserva espaço para o que ela chama de "acolhimento da dor do outro". "É quando as crianças contam a vida delas", explicou.
Foi assim que a turma, composta de alunos com 6 e 7 anos, ficou sabendo da discussão entre as amigas Gabriela e Vitória. As duas estavam tristes e angustiadas e, após a reconciliação, logo abriram largos sorrisos. "A amizade não acaba com um problema", disse a docente à classe.
Drama. Mas nem todos os conflitos são motivados por pequenos desentendimentos. Na mesma escola, a equipe se deparou com o caso de Julia (nome fictício), 11, que vivia com o corpo cheio de hematomas. A diretora do colégio, Andréa Caroline Correia, conversou com a menina e descobriu que ela era espancada pelo pai.
Abandonada pela mãe quando bebê, a garota passava a manhã na escola e durante às tardes ficava sozinha em casa. Nesse período, fazia suas estripulias de criança e apanhava à noite. "Denunciar o agressor não iria adiantar, pois ele já tinha sido denunciado por vizinhos", disse a diretora. A solução, então, foi preencher o dia de Julia. "Conseguimos uma vaga de monitora na escola. Agora, ela passa as tardes ajudando na biblioteca. Nunca mais apareceu com hematomas", conta Andréa.
Intervenção. A diretora Andréa Caroline Correia já identificou graves conflitos envolvendo pais e alunos de sua escola
Na prática
Projeto ensina como ser um mediador
Há 20 anos acompanhando casos de crianças e adolescentes que sofrem violência ou cometem algum tipo de infração, a defensora pública Francis de Oliveira Rabelo Coutinho vê na figura do professor a saída para a solução de conflitos na juventude. "Se o professor for um bom ouvinte e observador, teremos grandes progressos na educação e também na prevenção de crimes na juventude", afirmou Francis.
Ela é autora do projeto Mediação Escolar (Mesc) Paz em Ação, desenvolvido atualmente em três escolas estaduais da capital. Francis orienta os educadores na difícil tarefa de mediar conflitos. "Quanto mais o professor procura entender o drama, o meio e os costumes das crianças e dos adolescentes, mais ele alcança uma convivência pacífica".
Segundo a diretora da Superintendência do Desenvolvimento da Educação Infantil e Fundamental do Estado, Maria das Graças Pedrosa, a tarefa do professor em educar e cuidar do
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